Durabilidade das estruturas de concreto armado

Estruturas de concreto armado: durabilidade, práticas e cuidados especiais

Descubra como garantir a durabilidade das estruturas de concreto armado com práticas essenciais na construção civil, desde o projeto até a manutenção.


Mauricio Martins

Publicado em: 22-07-2024

A prematura degradação das estruturas é um problema preocupante, pois envolve custos elevados e risco à segurança dos usuários, além, claro, de ir na contramão da sustentabilidade. Sempre é importante lembrar que uma premissa de uma estrutura sustentável é que ela atenda a sua vida útil de projeto, ou seja, durar 50, 60 ou até 100 anos com a devida manutenção. 


Num primeiro momento, o concreto armado pode parecer um sistema construtivo conhecido e simples. Pois bem, conhecido realmente é, e amplamente empregado no Brasil e no mundo. Porém, sua correta execução requer bom conhecimento e capacitação dos times técnicos e de armação das construtoras. Os manuais de boas práticas foram concebidos para apoiar nessa capacitação e na disseminação da boa prática na execução de obras. Dessa forma, atualizar os times de campo com as melhores práticas de armação se torna tarefa primordial na garantia da qualidade e durabilidade das estruturas. 


Quando discutimos durabilidade de estruturas de concreto armado, na Construção Civil, é impossível não darmos foco à corrosão. A corrosão das armaduras de aço é um dos principais fatores de redução da vida útil das estruturas de concreto armado e tem sido exaustivamente investigada nas últimas décadas. Não é um fenômeno simples de entendimento, e os sintomas dos problemas de corrosão normalmente ficam visíveis após anos da estrutura em uso, sendo que, quando o processo corrosivo é visível, o estado da armadura já pode estar deteriorado. Por essa razão, existe uma dificuldade dos nossos profissionais da construção entenderem e adotarem medidas efetivas de proteção para garantir uma durabilidade superior ainda na fase de projeto. 


A armadura embutida no concreto intacto se encontra protegida da corrosão em razão da alta alcalinidade da água presente nos poros deste material (GENTIL, 2011). O pH elevado – entre 12,7 e 13,8 – favorece a formação de uma camada de óxido passivante, compacta e aderente sobre a superfície da armadura que a protege indefinidamente de qualquer sinal de corrosão, desde que o concreto de cobrimento preserve sua integridade (WOLYNEC, 2013). 


A despassivação da armadura (quebra da camada protetora) pode ocorrer pela redução do pH do concreto por carbonatação ou pela penetração de íons cloreto (Cl-) na matriz do concreto (GENTIL, 2011; RIBEIRO, 2018). A corrosão desencadeada pela carbonatação ocorre naturalmente em qualquer tipo de atmosfera (principalmente em ambientes urbanos, como na Figura 1), enquanto que a corrosão por Cl- ocorre em ambiente marinho (ARAUJO; PANOSSIAN, 2010) ou quando há a incorporação de cloretos à mistura do concreto.


Figura 1 - Fissuras e desplacamentos do revestimento e do concreto em pilar principal de edificação residencial em São Paulo.


Construir estruturas de concreto armado duráveis depende de uma série de cuidados, na etapa de projeto e execução (materiais, detalhamento de projeto, resistências, cobrimento, entre outros). 


De uma forma prática, podemos entender a importância do projeto, da execução e da manutenção da estrutura para atendimento dos requisitos de desempenho descritos na ABNT NBR 15575, em seis momentos, segundo a figura abaixo.


Figura 2 – 6 momentos importantes no projeto, na execução e na manutenção da estrutura



Na etapa de execução, optar por materiais de qualidade e processos industrializados, como concreto usinado e vergalhão cortado e dobrado, têm papel fundamental para atendermos as especificações de projeto.


Figura 3 – Corte e dobra industrial.


O uso do vergalhão cortado e dobrado, produzido industrialmente com alta precisão dimensional, aliado a uma correta execução no canteiro, garante o atendimento às especificações de projeto quanto ao cobrimento e montagem das armaduras. Contar com elementos industrializados adicionais, como telas eletrossoldadas e treliças, também propiciam uma elevada qualidade dimensional e rigidez na montagem da estrutura, além dos ganhos de produtividade das equipes de armação. 


Durabilidade das estruturas: responsabilidade de todos, desde o projeto até o uso da estrutura, com sua correta manutenção!


Para saber mais sobre outros detalhes de montagem de armaduras como estes, os dois volumes do Manual de Boas Práticas – Montagem das Armaduras de Estruturas de Concreto Armado podem ser baixados gratuitamente.


Referências Bibliográficas:


  • ARAUJO, A. DE; PANOSSIAN, Z. Durabilidade de estruturas de concreto em ambiente marinho: estudo de caso. (Abraco, Ed.)Intercorr. Anais...Fortaleza: Intercorr 2010, 2010

  • GENTIL, V. Corrosão. 6a ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. 

  • RIBEIRO, D. V. (COORDENADOR). Corrosão e Degradação em Estruturas de Concreto Armado: Teoria, Controle e Métodos de Análise. 2o ed. Rio de Janeiro: ELSEVIER, 2018. 

  • WOLYNEC, S. Técnicas Eletroquímicas em Corrosão. 1a Edição ed. São Paulo: EDUSP - Editora da Universidade de São Paulo, 2013.